Golpe do sextortion, identificamos mais um vetor de ataque
Novo golpe: vítimas de ‘sextortion’ não procuram a delegacia por medo de se expor, diz promotor
O promotor Fabiano Cossermelli, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio, conta que um novo tipo de golpe tem se tornado cada vez mais comum. O golpe, apelidado de “sextortion”, consiste na ameaça de expor fotos ou vídeos da vítima e dados da navegação na internet, caso não seja depositado dinheiro em criptomoedas. Muitas vítimas não procuram a polícia por medo de se expor, segundo ele.
— As transações em criptomoedas são lícitas. O que tem acontecido muito, dentro das atividades criminosas, é que seus integrantes vêm exigindo pagamentos em criptomoedas por um crime, por exemplo, uma extorsão, como a “sextortion”. Também podem fazer lavagem de dinheiro, transformando o papel moeda, oriundo de outras atividades ilícitas, em bitcoins ou outro tipo de moeda criptografada — explicou Cossermelli.
A grande dificuldade neste tipo de atividade financeira é identificar o código que o usuário tem para comprar e receber a criptomoeda como pessoa física. É nisso que o criminoso acaba se favorecendo.
— Se quisermos informações, por exemplo, sobre um determinado bitcoin, conseguimos saber desde o momento em que ele foi gerado, por quais mãos ele passou. Só que isso é um código alfa-numérico. O grande desafio das investigações é identificar o usuário de cada código. Quando passa por uma exchange sediada no Brasil, que tenha como princípio colaborar com as investigações, é possível descobrir — ressaltou o promotor.
Em alguns casos, porém, as corretoras têm sede em paraísos fiscais.
A servidora pública X. foi vítima do golpe. Um e-mail saltou aos seus olhos quando ela checava sua caixa de entrada numa sala de espera de um laboratório para fazer exame de Covid-19. Um remetente desconhecido apresentando-se como hacker dizia saber que ela acessa sites de pornografia. O remetente afirmava ter acesso à nuvem do celular e do computador dela e que, caso ela não deposite R$ 50 mil em bitcoins (criptomoedas) em uma conta, iria expor a intimidade da vítima nas redes sociais.A servidora se assustou com o tom, embora não tenha o hábito de visualizar pornografia. Como recebeu no e-mail funcional, ela informou à instituição onde trabalha, e o veredicto foi que tentaram lhe aplicar um golpe:
— Eu não acesso essas coisas, mas fiquei assustada porque tenho filhos, marido. Tive receio de acessarem as fotos da minha família na nuvem, pegarem senha de banco. Felizmente, era tudo mentira. Eles ainda falam em bitcoins, que eu nem entendo muito — comentou a servidora, lembrando que a pessoa escreveu um texto no qual misturava português com espanhol.
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