LinkedIn aponta 20 grandes tendências para 2023
Do Open Finance aos táxis voadores, empresa lista o que está para decolar ao longo do ano
O LinkedIn divulgou uma lista de 20 grandes tendências que nortearão 2023, do Open Finance ao táxis voadores, passando por aspectos como inteligência artificial, ataques digitais e mudanças nas relações e modelos de trabalho. A matéria, publicada no site do LinkedIn Notícias Brasil, em 7 de dezembro de 2022, explica que em todos meses de dezembro os editores do LinkedIn pedem à sua comunidade de Top Voices que compartilhem as tendências que definirão o ano seguinte. Publicamos abaixo um resumo de cada tópico. Veja o que podemos esperar para 2023.
- Open Finance no Brasil
- Vamos ver a primeira guerra de ransomware
- A inteligência artificial forçará profissionais criativos a se adaptar
- Contra a vigilância, trabalhadores e empregadores entrarão em acordo
- Os táxis vão decolar (com os ricos a bordo)
- A conveniência vai ditar o consumo
- As expectativas em relação ao significado do trabalho serão ajustadas
- O turismo precisará se reinventar
- A era do CEO herói chegará ao fim
- Low code: a nova arma da indústria contra o déficit de profissionais
- Moeda Digital Brasileira – o fim do dinheiro?
- A jornada de trabalho flexível estará em foco
- O trabalho híbrido veio para ficar
- O private label será a grande estratégia das maiores varejistas
- A liderança vai se mostrar mais vulnerável
- Carne feita em laboratório será mais comum
- O dinheiro vai fluir no esporte feminino
- Cavalos robustos em vez de unicórnios
- Uma recessão global é provável — mas não vai durar
- O social commerce veio para ficar
1. Open Finance no Brasil
Lançado pelo Banco Central (BC), o Open Finance, ambiente de compartilhamento de dados, produtos e serviços entre instituições financeiras e clientes, deverá começar a deslanchar em 2023 e impactar mais de 182 milhões de clientes. Segundo especialistas, o Open Finance vai aumentar a eficiência dos mercados de crédito e de pagamentos, de investimentos e seguros.
O BC considera que, com o Open Finance, haverá mais produtos, a preços e taxas mais baixos. Com mais de 800 instituições e empresas financeiras inscritas e com as adesões de mais de 5 milhões de consumidores antes mesmo da implementação total da plataforma, bancos e fintechs já começaram a lançar as novidades, como Banco do Brasil e Bradesco.
Para Venancio Velloso, sócio e CDO na Genial Investimentos, o Open Finance vai empoderar o consumidor.
“O foco das instituições financeiras não será mais na própria empresa, mas no produto. Vão prevalecer os melhores serviços”, afirma.
2. Vamos ver a primeira guerra de ransomware
O tema ransomware, ataque digital que sequestra arquivos e redes de computadores, poderá ganhar dimensão ameaçadora. Gangues de ransomware em países como Rússia e Irã estão cada vez mais próximas destes governos. Quando Moscou invadiu a Ucrânia, um dos grupos mais perigosos da Rússia, o Conti, anunciou “apoio total ao governo russo” e prometeu “medidas para retaliar o Ocidente belicista”.
Já o grupo hacker Sandworm, que tem ligações com o serviço de inteligência russo, promoveu ataques de ransomware contra alvos na Ucrânia e Polônia. É esperado que a Rússia utilize gangues de ransomware em uma ciberguerra contra os EUA e outros países que armaram a Ucrânia. Ataques devem mirar usinas de energia, gasodutos e oleodutos, hospitais e órgãos de governo, com hackers buscando objetivos políticos, como a libertação de prisioneiros.
3. A inteligência artificial forçará profissionais criativos a se adaptar
Em 2022, o mercado de tecnologia viu uma proliferação de ferramentas de inteligência artificial generativas — programas e aplicativos capazes de gerar arquivos a partir de comandos em linguagem natural, sem tecnicismos ou códigos de programação. Gigantes como Microsoft, Meta, Google e OpenAI, startups como Stability AI e laboratórios independentes como Midjourney e Craiyon estamparam manchetes com seus algoritmos capazes de gerar qualquer imagem a partir de comandos simples em texto.
A nova tecnologia vai além da produção de imagens e também já pode ser usada para criar áudio, vídeo e texto. A tendência é que novas ferramentas ameacem profissionais criativos. Como ficam fotógrafos, designers, ilustradores e redatores quando qualquer imagem ou texto pode ser gerado de graça por uma inteligência artificial? Para Karol Attekita, criadora de conteúdo e engenheira de software na Riot Games, profissionais criativos terão que aprender a usar essa tecnologia a seu favor.
4. Contra a vigilância, trabalhadores e empregadores entrarão em acordo
Quando a pandemia levou ao trabalho remoto, alguns empregadores adotaram tecnologias de vigilância dos funcionários, como monitorar toques no teclado, contar e-mails e até solicitar que deixem suas webcam ligadas. Segundo a reportagem do LinkedIn, em 2023, os empregadores começarão a perceber que a vigilância corrói as relações de trabalho. Segundo textos publicados na Harvard Business Review, funcionários sob monitoramento seriam mais suscetíveis a fazer pausas não autorizadas, desobedecer instruções e até danificar equipamentos.
Se não houver mudança, trabalhadores frustrados podem se isolar, desconectando-se de seus dispositivos de trabalho, prevê Anders Sorman-Nilsson, diretor e fundador do think tank Thinque, da Austrália. Ele defende dias ‘’fora da rede’’ e do escritório.
“Grandes ideias podem surgir quando as pessoas estão tomando um banho relaxante, surfando ou dando uma caminhada”, argumenta Sorman-Nilsson.
5. Os táxis vão decolar (com os ricos a bordo)
Imagine um drone, movido a energia elétrica, grande o bastante para carregar pessoas, e que pode voar de maneira autônoma. Eles são conhecidos como eVTOLS (sigla em inglês para veículo elétrico de decolagem e pouso vertical) e estão chegando a diversas partes do mundo. Há cerca de 300 eVTOLs sendo concebidos, o que já atraiu investimentos de US$ 6 bilhões. A Joby Aviation, da Califórnia, já conseguiu uma das três certificações necessárias junto às autoridades dos EUA para iniciar operação comercial, em 2025.
A França também testa os táxis voadores, visando o serviço durante as Olimpíadas de 2024, em Paris. No Brasil, a Eve Air Mobility, subsidiária da Embraer, pretende testar eVTOLs para conectar a Barra da Tijuca ao Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. De início, espera-se que os táxis voadores sejam um brinquedo dos ricos.
“Os primeiros a adotar qualquer revolução de mobilidade sempre foram os mais ricos. Aconteceu na indústria automotiva, na aviação e agora nas viagens espaciais”, afirma Jack Withinsaw, co-fundador da Airspeeder, de Londres.
6. A conveniência vai ditar o consumo
A compra online já faz parte da vida de 49,8 milhões de brasileiros. Mas o varejo físico não desapareceu. Grandes redes aproveitaram o espaço vago aberto no mercado imobiliário devido à pandemia da Covid-19 para expandir sua rede física. Neste cenário, o canal de consumo será escolhido pelo consumidor de acordo com a conveniência. Ele pode optar por compras emergenciais no bairro, aplicativos ou testar modelos em uma loja física e fechar a compra nos sites com melhor preço. O varejista precisa oferecer canais integrados.
“Para uma empresa ser considerada omnichannel, é preciso ir muito além de integração online e offline. Estamos falando de entregar valor ao consumidor que garanta autonomia, personalização e conveniência”, explica Mariana Cerone, professora de varejo da ESPM.
7. As expectativas em relação ao significado do trabalho serão ajustadas
Nos últimos anos, o chamado senso de propósito ganhou um peso maior para os profissionais. A pesquisa Edelman Trust Barometer 2021 revelou que, ao avaliar um emprego, 74% dos brasileiros esperam que o negócio gere algum impacto social e reflita seus valores pessoais. O movimento é conhecido como Great Reshuffle. Muita gente começa a se perguntar se simplesmente pagar as contas e ter uma rotina equilibrada já não seria bom o bastante.
“O propósito pode estar nas pequenas coisas, na contribuição que você oferece a um colega ou na qualidade de vida da família”, afirma a especialista em recolocação Mariana Torres.
8. O turismo precisará se reinventar
Quando a França anunciou, em abril de 2022, que proibiria voos domésticos entre destinos que estejam a menos de duas horas e meia de trem, isso foi divulgado como um passo para reduzir as emissões de carbono em 40% até 2030 e tais restrições ganharam apoio na Europa. E com a ONU estimando que as emissões de CO2 relacionadas ao turismo aumentem 25% na próxima década, vários governos podem seguir o exemplo da França.
Mas o setor não reage bem às medidas restritivas. O CEO da Booking.com, Glenn Fogel, argumenta que o turismo responde por 10% do PIB global – no Brasil, o setor corresponde a 8,1% do PIB. Em todo o mundo, as restrições de viagem devido à pandemia custaram 62 milhões de empregos no turismo.
9. A era do CEO herói chegará ao fim
Até o início dos anos 2010, fundadores de empresas do Vale do Silício adquiriram status de semideuses, como Mark Zuckerberg, do Facebook; Elon Musk, da Tesla; Travis Kalanick, da Uber; e Adam Neumann, da WeWork. Jovens diplomados ouviam promessas de quem havia desistido da faculdade, como Zuckerberg.
Agora, com a economia em turbulência, a ilusão de que as empresas de tecnologia e seus fundadores vão salvar o mundo desvaneceu. Recentemente, Zuckerberg demitiu 11.000 funcionários da Meta. Já Elon Musk cortou metade da equipe quando se tornou CEO.
Os chefões do Vale do Silício parecem distantes. Mas há um ponto positivo nisso: sem estrelas para idolatrar, entende-se que os problemas podem ser resolvidos por pessoas comuns. Talvez esteja na hora de nos tornarmos nossos próprios heróis.
10. Low code: a nova arma da indústria contra o déficit de profissionais
Dados da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) indicam que o Brasil precisará de quase 800 mil pessoas no setor de TI até 2025, mas só são formados 53 mil profissionais por ano. Para combater o déficit, a tendência é o low code: ferramentas que não exigem conhecimento técnico aprofundado em programação para desenvolver e fazer a manutenção de sistemas. É o caso de serviços como Microsoft Power Apps, Google App Maker, AWS Honeycode, Oracle Apex e Totvs Fluig.
A consultoria Gartner estima que o low code será responsável pelo desenvolvimento de mais de 65% dos aplicativos no mundo até 2024.
11. Moeda Digital Brasileira – o fim do dinheiro?
O projeto piloto do Real Digital, a moeda digital do Banco Central estreia em 2023, o que pode ser o início do fim do dinheiro cédula. Segundo especialistas, a moeda digital brasileira vai facilitar e baratear a criação de contratos de empréstimos personalizados e favorecer a integração com sistemas de pagamentos internacionais, permitindo compras em outro país com conversão imediata e sem riscos. O Real Digital terá o mesmo valor que a moeda física.
Segundo Stefania Trentim, diretora de transformação digital na Witec IT Solutions, a moeda digital visa facilitar as transações financeiras e substituir o que está na carteira de forma segura e regulada.
12. A jornada de trabalho flexível estará em foco
A semana de trabalho de quatro dias está em discussão e em 2023, funcionários continuarão a pressionar por mais flexibilidade, libertando-se da jornada de 9h às 18h. Os dias de trabalho não lineares, tendência acelerada pelo trabalho remoto, darão aos profissionais mais liberdade para escolher seus horários. Embora o trabalho assíncrono exija que empregadores abram mão de algum controle, seus benefícios são promissores: jornadas flexíveis podem aumentar a produtividade em quase 30%, segundo pesquisa publicada pelo Future Forum, nos EUA.
“O foco muda da quantidade para a qualidade do trabalho”, diz a professora Laura Giurge, da London School of Economics.
13. O trabalho híbrido veio para ficar
O sobre o retorno aos escritórios deve se acirrar em 2023. A tendência é pelo modelo híbrido. Para Rand Ghayad, diretor da área de economia e mercados de trabalho globais do LinkedIn, o equilíbrio entre vida profissional e pessoal conquistados na pandemia continua sendo prioridade para os profissionais.
No entanto, segundo pesquisa da Microsoft (empresa controladora do LinkedIn), o trabalho híbrido aumenta a produtividade a curto prazo mas, a longo prazo, pode diminuir a criatividade e o senso de comunidade.
14. O private label será a grande estratégia das maiores varejistas
A inflação e problemas na cadeia de suprimentos levam varejistas de todo o mundo a investir em produtos de marca própria, o chamado private label. No Brasil, muitos consumidores já compram essas marcas, que representam economia de até 40%. Para as varejistas, a margem de lucro desses produtos também é maior. É por isso que Pão de Açúcar, Carrefour, Raia Drogasil e Panvel anunciaram investimentos para ampliar a oferta de private label.
“O peso de marcas próprias no varejo brasileiro é inferior ao do mercado americano e europeu, mas em um cenário econômico deteriorado, há espaço para avançar”, diz Leonardo Tonini, co-fundador do venture capital especializado em bens de consumo Emerge Ventures.
15. A liderança vai se mostrar mais vulnerável
As empresas já entenderam que ambientes positivos contribuem para a produtividade dos funcionários e que as lideranças ocupam papel central na construção da cultura corporativa. A era dos gestores autoritários ficou para trás. Pesquisas mostram que os funcionários esperam líderes humanos e humildes. Estudo feito com 12 mil profissionais pela organização Catalyst revelou que, quanto mais os gestores demonstram vulnerabilidade, mais os colaboradores se dedicam ao trabalho.
“Os times mais fortes de que eu participei foram os que tínhamos abertura para compartilhar nossas vulnerabilidades. Isso aproxima as pessoas e humaniza as relações”, conta Roberto Funari, CEO da Alpargatas.
16. Carne feita em laboratório será mais comum
A carne feita em laboratório deve ganhar mais espaço ao redor do mundo em 2023. Singapura foi o primeiro país a aprovar um produto de frango cultivado para consumo humano, ainda em 2020. Já a China divulgou um plano para a agricultura que inclui carnes cultivadas. E reguladores americanos liberaram produtos similares da empresa Upside Foods, acreditando que a “bioeconomia” será decisiva para a prosperidade econômica e a segurança alimentar.
Tim Noakesmith, co-fundador da Vow, empresa australiana de agricultura celular, anunciou que seu primeiro produto estará disponível em restaurantes de Singapura.
“Veremos algumas empresas vendendo produtos à base de células em mercados regulados”, prevê Noakesmith. “Vamos continuar a ver um fluxo de novas empresas nascendo nessa indústria, bem como a aquisição de alguns players mais conhecidos”, acrescenta.
17. O dinheiro vai fluir no esporte feminino
Após o avanço do futebol, as empresas despertam para o potencial de marketing inexplorado de outros esportes femininos. Os acordos de patrocínio para mulheres nos principais esportes dos EUA aumentaram 20% em 2022.
“As oportunidades são enormes”, diz Jon Patricof, CEO da Athletes Unlimited, uma rede de ligas femininas de basquete, softbol, vôlei e lacrosse. “O público dos esportes femininos é diversificado, jovem e representa a visão que muitas marcas têm para o futuro”, acrescenta.
18. Cavalos robustos em vez de unicórnios
Quando a capitalista de risco Aileen Lee cunhou o termo unicórnio em 2013 para descrever startups que haviam acumulado avaliações de mais de US$ 1 bilhão, a distinção era tão rara quanto a criatura mítica. Estas empresas atraíram muitos investimentos. Mas unicórnios como WeWork, Theranos e FTX implodiram.
Com os custos de empréstimos aumentando junto com a incerteza econômica, o recado do Vale do Silício às startups é que a era do excesso acabou. Em vez de sonhos de unicórnio, deve-se aspirar a criar cavalos de trabalho robustos que possam sobreviver a tempos difíceis.
19. Uma recessão global é provável — mas não vai durar
As três maiores economias globais — EUA, China e Zona do Euro — estão freando, de acordo com o Banco Mundial. A Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) preveem um 2023 mais sombrio e líderes de negócios veem uma recessão no horizonte de 12 meses. Mas a baixa econômica não deve ser descontrolada. Em outras palavras: não estamos em 2008, pois há hoje perspectivas muito mais positivas. Os bancos centrais vêm combatendo a inflação com uma agressiva alta das taxas de juros.
“Com as taxas de juros aumentando tanto, o resultado é uma redução no crescimento econômico. Nós teremos uma recessão em algum momento no futuro próximo”, afirma o investidor David Rubenstein.
20. O social commerce veio para ficar
Extremamente popular na China, a compra por meio de redes sociais — o chamado social commerce — está expandindo suas fronteiras. Globalmente, esse mercado deve chegar a US$ 1,29 trilhão em faturamento em 2023, representando 20% das vendas globais do comércio eletrônico.
No Brasil, 2023 promete ser um ano importante para esse mercado. Redes sociais como TikTok, YouTube e WhatsApp estão investindo em ferramentas focadas no comércio do país. E uma pesquisa da empresa de dados All In revela que 75% dos brasileiros já usam as redes sociais para buscar produtos.
Comentários
Postar um comentário